A evolução da radioterapia permite atualmente uma concentração crescente de radiação na área de tratamento e, ao mesmo tempo, a diminuição de dose nos tecidos normais adjacentes. “Temos diferentes técnicas de radioterapia que podem ser aplicadas no tratamento dos tumores, tudo vai depender da localização da área a ser tratada no corpo. Podemos citar como exemplo a radiocirurgia, que é uma técnica usada para tratar tumores pequenos e que estão localizados no cérebro ou no sistema nervoso central”, aponta o físico médico Paulo Petchevist.
No Brasil, as estimativas de novos casos para câncer do sistema cerebral apontam 11.090 novos casos, sendo 5.870 em homens e 5.220 em mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer – INCA (2020). O câncer do sistema nervoso central representa de 1,4 a 1,8% de todos tumores malignos no mundo. Cerca de 88% dos tumores de SNC estão localizados no cérebro.
A radiocirurgia craniana é um procedimento não invasivo que envolve a administração de altas doses de radiação em uma pequena região localizada do cérebro em uma única fração de tratamento. “Com a técnica, é possível minimizar os efeitos em tecidos sadios adjacentes ou mesmo em estruturas importantes próximas da região-alvo do tratamento”, diz o físico médico.
O paciente usará uma máscara especial de imobilização particularmente confeccionada para ele, na qual marcações de referência serão desenhadas. Uma tomografia de planejamento será realizada, importada no sistema de planejamento, e fundida a uma ressonância magnética recentemente feita pelo paciente. Petchevist explica que com a fusão de imagens de ressonância magnética com a tomografia de planejamento, o médico rádio-oncologista e o neurologista localizarão e delimitarão a região a ser tratada. Após a realização do planejamento pelo físico médico e sua aprovação pelo médico radio-oncologista, o plano é exportado para a máquina de tratamento onde o paciente será posicionado.
O pré-posicionamento do paciente é feito pelos lasers presentes na sala, após a máscara ser colocada. Em seguida, uma espécie de tomografia, chamada de cone beam CT (CBCT), é obtida e comparada à de planejamento. Em caso de qualquer diferença de posicionamento em relação ao planejado, a mesa robótica se encarrega de corrigir, garantindo precisão submilimétrica de posicionamento da região-alvo.
A radiocirurgia craniana pode ser empregada para tratar tumores malignos, como é principalmente o caso de pequenas metástases cerebrais, ou benignos, como é o caso principalmente de neurinomas do acústico.